Escrito em 26 de abril de 2021
Cortarmos o que temos de cortar durante a Primavera, para termos com que nos aquecer no Inverno.
Sem cortar com o passado, o futuro não passa de um prato de comida cheio de restos.
Carmencita
Escrito em 18 de março de 2021
Pedes, com o olhar de um cão vadio em dor:
- “Liberta-me!”
E dizes, em sorriso doce e sereno:
“- Não tem de ser já. Mas tem de ser agora.”
Lamento dizer-te,
que a minha liberdade é um vírus de contágio rápido e avassalador.
Mas, uma vez que já tiveste a morte de um grande amor,
talvez o resistas, e sejamos felizes para sempre.
Vou buscar a chave do cadeado forjada no meu corpo,
e encontramo-nos no postigo.
CARMENCITA
(Texto publicado no Livro Antalogia da Liberdade da Chiado Editores e escrito durante o estado de emergência ...
Ler mais
Escrito em 21 de outubro de 2020
Quiseste ver os olhos.
Lamento que tenhas percebido que há muito que os ofereci ao mundo, e que neste rosto apenas tenhas encontrado dois buracos e nada por desvendar, nada que já não te tivesse dito.
Poucos conseguem estar na presença de um rosto de olhos viajantes que regressam a casa quando o resto do corpo sonha, para lhe contar tudo e voltar a partir.
Neste rosto nada há para além de dois túneis, um que desembarca na estação do Tudo, e o outro na estação do Nada.
Nem por ti usarei bengala para me guiar.
Carmencita
Ilustração de https://www.deviantart.com/tarlei